Estudo revela entraves socioeconómicos na frequência no Ensino Superior
Um estudo da EDULOG, em parceria com Centro de Investigação de Políticas do Ensino Superior (CIPES) e colaboração da FAP, apresenta as dificuldades enfrentadas pelos estudantes do Ensino Superior do Grande Porto e Lisboa. O relatório conclui que o Ensino Superior em Portugal continua a não ser acessível a todos, sobretudo para os estudantes deslocados, cujos valores podem ultrapassar facilmente os mil euros mensais.
Desde o início do ano, a Federação Académica do Porto tem vindo a alertar para os custos elevados com a habitação. Os dados revelam agora que apenas 17,8% dos estudantes do Ensino Superior têm acesso a bolsas de estudo, valor considerado “insuficiente para fazer frente às despesas”, explica Francisco Porto Fernandes, presidente da FAP, que defende o aumento das bolsas de estudo e a revisão dos critérios de elegibilidade. “Estas medidas podem melhorar significativamente a experiência dos estudantes e diminuir o peso das despesas pessoais”, afirma.
A precariedade nas condições habitacionais também é evidente: 48% dos estudantes deslocados não possuem contrato de arrendamento e 51% relatam que o senhorio não emite recibos, impossibilitando o acesso ao complemento de alojamento. Ademais, entre os deslocados, 15,4% candidataram-se a um lugar numa residência universitária, mas apenas 3% conseguiram vaga.
Os custos com o alojamento, transporte e apoio financeiro são fatores críticos para o percurso académico daqueles que frequentam o Ensino Superior. “É importante refletir sobre as prioridades do país. A crise na habitação está a limitar o acesso e a frequência no Ensino Superior e, consequente, a prejudicar o elevador social”, alerta o presidente da FAP.
A apresentação do estudo “Cartografia e dinâmicas socioeconómicas dos estudantes do ensino superior do Grande Porto e da Grande Lisboa” decorre amanhã, sexta-feira, pelas 14h30, no Pólo Zero.