Resultados do Inquérito: 80% dos estudantes identificam-se com o projeto europeu

A Federação Académica do Porto aplicou um inquérito aos estudantes da Academia do Porto ao longo do mês de maio, com o objetivo de conhecer o interesse e nível de participação eleitoral, bem como as perspetivas destes sobre o projeto europeu.

Os dados recolhidos revelam que 96% dos 730 estudantes inquiridos pretendem exercer o direito de voto nas eleições europeias, convocadas para o próximo dia 9 de junho, ainda que apenas 22% afirmem acompanhar regularmente a atividade dos deputados portugueses eleitos para o Parlamento Europeu. Sobre o acompanhamento do trabalho desenvolvido pelos deputados portugueses, 56% dos estudantes afirmaram acompanhar “apenas pontualmente” e 22% admitiram “não acompanhar”.

Ainda relativamente à participação eleitoral, aproximadamente 98% dos estudantes inquiridos declararam ter exercido o direito de voto nas eleições legislativas de 10 de março. E, quando questionados sobre se assistiram aos debates entre os líderes dos partidos políticos, 84% dos estudantes afirmaram ter visto mais do que um debate, sendo que apenas 10% responderam não ter assistido a qualquer frente a frente televisivo.

Segundo Francisco Porto Fernandes, “os resultados apurados neste inquérito contrariam a ideia de que os jovens não se interessam e que se abstém nos atos eleitorais, porque só cerca de 2% assumiram não ter votado nas eleições legislativas.” O Presidente da FAP destaca, também, “o elevado nível de participação que se perspetiva nas eleições europeias entre as gerações mais jovens, uma vez que 96% dos inquiridos declararam que vão votar.

Da análise das respostas, sobressai que 6 em cada 10 estudantes que não pretendem votar nas eleições europeias, não se identificam, ou sentem indiferença relativamente ao projeto europeu. No entanto, de entre o total de inquiridos, a esmagadora maioria, 80%, afirmam identificar-se com a União Europeia.

Francisco Porto Fernandes identifica “uma trajetória muito positiva na identificação e apoio ao projeto europeu” e recorda que “em 2019, aquando das últimas eleições para o Parlamento Europeu, foi feita exatamente a mesma pergunta, mas apenas 64% dos estudantes se sentiam identificados com o projeto europeu. Somos claramente uma geração profundamente europeista.”

Quando questionados sobre quais os três tópicos aos quais associam o projeto europeu, a “livre circulação” foi a resposta mais frequente, escolhida por dois terços dos inquiridos. A “paz e estabilidade” e os “fundos europeus” foram selecionados por mais de um terço dos estudantes e, neste âmbito, destacam-se ainda o “progresso económico” e a “segurança e defesa”. 

23% dos estudantes escolheram o “ambiente e sustentabilidade” como um dos tópicos que mais associam ao projeto europeu, colocando-o entre as duas prioridades que a União Europeia deve eleger para os próximos cinco anos. Ainda assim, questionados sobre o desempenho da União Europeia no combate às alterações climáticas, 52% atribuem uma avaliação “suficientemente boa” e 9% consideram “muito boa”. No entanto, na perspetiva de cerca de metade dos estudantes, corrigir a disparidade salarial no espaço europeu, deve constituir a principal prioridade na ação da União Europeia. O investimento em ciência e tecnologia e o apoio à Ucrânia, também se encontram entre o lote de respostas mais comuns entre, pelo menos, um terço dos inquiridos.

“A geração 30, a que perdeu 30% poder de compra desde 2011 e sai de casa dos pais aos 30 anos, precisa mesmo de uma resposta não só nacional mas também europeia. Não nos resignamos a viver pior que os nossos pais.”, afirma o líder da FAP.

Embora as migrações não se encontrem entre os tópicos que os estudantes da Academia do Porto mais associam ao projeto europeu, 5 em cada 10 estudantes responderam que as “migrações e refugiados” são o principal desafio com o qual a União Europeia se vê confrontada. Entre os inquiridos, 19% entendem que a guerra na Ucrânia é a situação mais desafiadora, 16% encaram o crescimento do populismo como o maior desafio.

Face às crescentes ameaças à segurança europeia, os estudantes foram questionados sobre se a União Europeia deveria constituir um exército europeu, tendo sido registada uma divisão entre os inquiridos, com 36% a mostrarem-se favoráveis, 30% a responderem ser contra e 34% não sabem, ou preferem não responder. Porém, quando questionados sobre a reposição do serviço militar obrigatório, 75% dos estudantes afirmaram não concordar e apenas 12% expressaram apoio à medida, sendo que 13% não sabem, ou preferem não responder.

O Presidente da FAP considera que “os jovens estão suficientemente informados sobre a política europeia e querem que esta tenha um papel mais ativo na melhoria das condições de vida, na integração dos migrantes e refugiados, mas também na preservação da segurança e no combate às alterações climáticas”, destaca Francisco Porto Fernandes.

O inquérito foi aplicado, predominantemente, entre os dias 4 e 30 de maio, através da aplicação de um formulário digital, que foi respondido presencialmente na Queima das Fitas do Porto e online nos restantes dias, tendo sido registada uma média de idades de 20,4 anos entre os inquiridos. A maior parte, 78,5%, encontram-se a frequentar cursos de licenciatura no Ensino Superior público.

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Ficha técnica:

O inquérito aplicado teve como objetivo conhecer o interesse e nível de participação eleitoral dos Estudantes da Academia do Porto, a perceção sobre a União Europeia e as perspetivas sobre o projeto europeu. Foram inquiridos 738 estudantes inscritos em Instituições de Ensino Superior (IES) da Academia do Porto, tendo sido consideradas válidas 730 respostas. A média de idade dos inquiridos situa-se nos 20,4 anos e 58% são do género feminino. Entre os estudantes inquiridos, 66% estão matriculados em IES públicas, 22% estudam no Ensino Superior privado e 12% no subsistema concordatário. A maioria, 43%, são estudantes da Universidade do Porto, 21% do Instituto Politécnico do Porto e 12% da Universidade Católica. Os restantes 24% encontram-se distribuídos por diversas IES da área metropolitana do Porto. De entre o total de inquiridos, 78,5% encontram-se a frequentar o 1.º ciclo de estudos (licenciatura) e 29% são beneficiários de bolsa de estudo. A recolha de informação decorreu, entre os dias 4  e 30 de maio e foi efetuada através da aplicação de um formulário digital, que foi respondido presencialmente na Queima das Fitas do Porto e online nos restantes dias,  tendo sido utilizado um questionário estruturado, constituído maioritariamente por perguntas fechadas. Por se tratar de uma amostra aleatória, não é possível calcular a margem de