
FAP apela a pacto de regime pela juventude e questiona candidatos às eleições presidenciais: “Este país ainda é para jovens?”
A um mês das eleições presidenciais, a Federação Académica do Porto (FAP) enviou um caderno de propostas aos candidatos à Presidência da República, alertando para a reduzida participação dos jovens nos principais espaços de decisão política em Portugal. Esta posição é acompanhada pela colocação de dois outdoors que defendem “um Presidente da República que ouça as novas gerações”. Questionando se “este país ainda é para jovens?”, a FAP apela a um pacto pela juventude, denunciando: “73% dos estudantes ponderam emigrar” e “65 anos: Idade média do Conselho de Estado”.
Esta iniciativa tem como objetivo evidenciar o afastamento entre as posições tomadas ao mais alto nível do Estado e a realidade vivida pelos jovens e estudantes do ensino superior, ao mesmo tempo que apresenta contributos para a sua inclusão. Entre as medidas apresentadas, destaca-se a inclusão de um jovem no Conselho de Estado. Para Francisco Porto Fernandes, presidente da FAP, a ausência de jovens nos órgãos de aconselhamento presidencial “é sintomática de um sistema que continua a decidir sem ouvir quem nele vive”.
“É incompreensível que os jovens não estejam representados no Conselho de Estado. Se queremos um Presidente da República que seja devidamente aconselhado sobre as matérias que impactam a nossa geração, como a habitação, o emprego ou o clima, é essencial que exista alguém que conheça estas dificuldades na primeira pessoa, e não apenas representantes das mesmas elites políticas de sempre”, explica o presidente da FAP.
A retenção de talento jovem é outro eixo central apontado no caderno de propostas. Francisco Porto Fernandes considera que a falta de representação política contribui diretamente para o crescente afastamento dos jovens em relação ao país. “Quando os jovens não se sentem valorizados, nem representados, acabam por procurar no estrangeiro a possibilidade de construir um projeto de vida, onde os salários, a estabilidade e o bem-estar acompanham o custo de vida”, acrescenta. Esta realidade agrava a fuga de talento jovem e compromete o desenvolvimento económico, social e científico do país.
Num contexto de crescente polarização e desconfiança, a FAP defende um compromisso do próximo Presidente da República com o combate à desinformação e com a salvaguarda da democracia, sublinhando ainda a importância de uma visão estratégica para a sustentabilidade do futuro do país. Nesse sentido, apela a um maior rigor no equilíbrio das finanças públicas, de forma a evitar que o peso do endividamento recaia desproporcionalmente sobre as próximas gerações.
A Federação Académica do Porto apela, assim, à participação ativa dos jovens nas eleições presidenciais, marcadas para dia 18 de janeiro de 2026. “Para integrar os jovens na discussão política é preciso mais do que apresentar meia dúzia de medidas avulsas, com o único objetivo de conquistar o voto. É preciso valorizar a sua participação e investir, de forma consistente, no futuro social e económico das próximas gerações”, conclui.
