Dia Nacional do Estudante na Academia do Porto
Alojamento estudantil, saúde mental e emigração jovem são as principais preocupações dos estudantes da “Geração 30”.
Mais de 300 jovens da Academia do Porto desceram de mala de viagem, desde a Estação de Metro da Trindade até à Avenida dos Aliados, para assinalar o Dia Nacional do Estudante. Em alusão à emigração jovem, com uma porta de embarque centrada na avenida, os alunos reivindicaram por melhores condições, durante o Ensino Superior e após a conclusão dos estudos, destacando ainda o custo da habitação e o estigma associado à saúde mental como principais desafios.
As fotografias e os testemunhos em exposição, nos Aliados, evidenciam a realidade portuguesa da “Geração 30”. Francisco Porto Fernandes, presidente da Federação Académica do Porto (FAP), garante que “os jovens enfrentam um cenário pouco favorável para criar condições de vida em Portugal e o país não acompanhou minimamente a crescente qualificação”. “Estamos a formar jovens para exportar”, refere o presidente.
Com 30% dos jovens nascidos em Portugal a sair do país, a emigração é motivo de preocupação para a Federação Académica do Porto. Os baixos salários não são “suficientes para arrendar um apartamento sozinha”, refere “Filipa”, nome fictício para preservar a identidade da estudante. “Os salários precários”, aliados à perda do poder de compra de 30% dos licenciados, desde 2011, e à saída de casa dos pais, em média, aos 30 anos são “três números trinta que refletem os desafios da nossa geração”, avisa o presidente da FAP.
Relatos de Síndrome de Burnout, exaustão e depressão são ainda condições mencionadas em alguns dos 30 testemunhos expostos na Avenida dos Aliados. “Rita” é um desses exemplos, uma vez que trabalha para “suportar as despesas associadas à faculdade”. “Na minha penúltima época de exames do curso, com trabalho profissional paralelo, que não podia recusar, eu estava exausta todos os dias. Forçava-me a estudar, mas não conseguia reter conteúdo”, explica a jovem estudante, que acabou por ser diagnosticada com Síndrome de Burnout. Já “Beatriz” tem 19 anos e refere que, em apenas uma semana, teve três frequências. “Os docentes eram distantes, não tinha qualquer método [de estudo] e não obtive aprovação em nenhuma das três Unidades Curriculares”, remata.
Francisco Porto Fernandes alerta, ainda, que “as Instituições de Ensino Superior devem agir de forma coerente”. “É impossível promover a saúde mental quando os estudantes enfrentam agendas sobrecarregadas, como por exemplo, quatro exames numa semana ou 12 horas de estágio e aulas por dia”, explica.
Apesar das “adversidades e problemas que os mais jovens enfrentam”, a FAP afirma que esta é uma “geração que não se resigna” e deixa um alerta: “É imperativo reconhecer a importância do papel dos estudantes na construção de uma educação de qualidade, bem como lutar sempre para que este tema seja uma prioridade do nosso país”.